terça-feira, 18 de setembro de 2012

MANUAL DO 20... VAI DESFILAR? LEIA!

Com a aproximação da data máxima dos gaúchos, que traz consigo o desfile à cavalo pelas ruas de praticamente todas as cidades do Rio Grande do Sul, resolvi ressaltar aqui alguns pontos essenciais para evitar dores de cabeça antes, durante e após o desfile.

É necessário entender que esta é uma data comemorativa para os humanos e que o orgulho por desfilar é inteiramente do homem. Portanto, o cavalo não está ali por prazer, honra ou orgulho ao Rio Grande do Sul. 

O que eu quero dizer com isso é que nós, humanos, desfilamos por vontade própria. E que a razão que nos leva a estarmos ali, sob as condições de clima e tempo, por vezes nos impõem certos sacrifícios pessoais.

Ocorre que o cavalo está ali meramente para servir de transporte, trono e motivo de mais orgulho para nós homens. Portanto, é preciso levar em conta alguns fatores para evitarmos problemas de ordem clínica e comportamental que podem comprometer a saúde destes animais e, por consequência, o desfile do humano.

O primeiro ponto que merece atenção é quanto às ferraduras dos cavalos. É inadmissível se pensar em desfiles por asfalto e paralelepípedos sem esta proteção para o casco. Preferencialmente, ferre seu cavalo com alguns dias de antecedência. Isso evitará um animal desconfortável ou com dor no dia do desfile. Revise às ferraduras na véspera do evento, isso dará tempo de refazer o ferrageamento se houver problema.

O segundo ponto é com relação à alimentação. A última refeição antes do desfile deve ocorrer cerca de 1 a 2 horas antes de encilhar o cavalo. Isso dará tempo para a digestão e evitará problemas com cólica. 

É importante também ressaltar que cavalo se engorda durante o ano... aumentar a quantidade de concentrado do cavalo na semana farroupilha não adiantará para esta finalidade, e pode ainda contribuir para o aparecimento de patologias (tais como cólica e laminite).

O terceiro ponto é com relação ao condicionamento físico do seu cavalo. Como já abordei neste post, os animais precisam estar bem condicionados fisicamente, e isso não é sinônimo de gordura e falta de exercício. Se o equino não se exercita com frequência, deve-se ter cuidado para não exagerar nas distâncias, sob risco de problemas patológicos de sistema locomotor e até sistêmicos (rabdomiólise por esforço). 

O quarto ponto que vou abordar diz respeito às encilhas. O gaúcho deve atentar para o conforto dos aperos que pretende usar. Eles devem ser cômodos para ambos! Uma sela ou um basto bom evitam problemas de lombo e coluna e o buçal é essencial nestas situações, pois evita de puxarmos ou amarrarmos cavalos pela rédea e, consequentemente, pelo freio. Este último pode causar graves lesões na boca, com consequêcias de traumas e reações para sempre.

E por último, grandes aglomerados de pessoas e cavalos não são naturais para animais que vivem encocheirados. É natural o receio por parte deles e certo nível de estresse ocasionado pela situação nova. Nestes casos é muito mais válido acalmar o animal do que impor mais medo e mais estresse. Ninguém é mais gaúcho por usar de violência com um animal que está ali unicamente para servi-lo.

Após o desfile, um bom banho, começando sempre pelas patas e barriga, e depois alcançando o lombo, para retirar suor e sujidades vem muito bem, exceto em situações de muito frio, onde aconselhasse apenas secar o suor do lombo e usar uma capa.

Permita que o cavalo se role logo após desencilhar, bem como  o consumo de 5 a 10 litros de água ao término do desfile. Essas medidas contribuem para a hidratação e para o bem-estar do seu animal.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço! 

domingo, 2 de setembro de 2012

A CONFIANÇA NO MANEJO COM CAVALOS!

Durante minha palestra na FURB, semana passada, me fizeram uma pergunta cuja resposta eu gostaria de compartilhar aqui. 

Me disse a aluna de medicina veterinária que fazia um estágio com um profissional que utilizava métodos de manejo gentil com seus pacientes, mas que tinham certa dificuldade na relação com machos inteiros e que, por conta disso, ela passou a ter receio sempre que tinha que lidar com estes cavalos.

Cavalos inteiros tem, por instinto, um comportamento natural mais desafiador. Estes animais tem uma necessidade maior de estabelecer uma hierarquia, por conta de que apenas o macho dominante desempenha a função reprodutiva.

A confiança - bem como a ausência de medo com relação aos demais cavalos - são comportamentos apresentados pelos indivíduos que exercem esta liderança. Logo, quando um humano apresenta falha em qualquer um destes dois aspectos, acaba por passar ao cavalo a mensagem de que não está apto à liderança daquela relação.

Portanto, a falta de confiança é tão prejudicial à relação com cavalos quanto o excesso dela, quando não se domina o manejo a ponto de calcular as possíveis reações que um equino pode apresentar em determinada situação.

Fica claro, com isso, a importância de conhecer os aspectos comportamentais que norteiam as reações destes indivíduos para um manejo que leva em conta o bem estar e a diminuição dos riscos de acidentes.

Neste vídeo que postei em julho, mostro o manejo de um macho inteiro que está no auge da vida reprodutiva. Nele é possível observar a confiança mútua na relação. Esta é obtida através da aplicação do manejo gentil, que impõe a liderança sem traumas nem violência.

Ressalto a importância do conhecimento pleno destas técnicas para desempenhá-las corretamente e sem riscos de acidentes. É essencial dominar o manejo para que se possa confiar. Quero alertar que, apesar de necessária, a confiança não pode ser confundida com imprudência!!! O cavalo dá sinais de que podemos confiar em suas reações, que somente quem tem conhecimento avançado a respeito do comportamento equino consegue captar. 

Em outras palavras, investir no conhecimento técnico de todos os temas tratados neste post são essenciais para o bom relacionamento e correto manejo com os cavalos, principalmente com animais inteiros!

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço.