segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ASPECTOS RELEVANTES DO COMPORTAMENTO EQUINO: IDADE.

Neste post vou abordar outro fator relevante para a compreensão do comportamento equino: a idade. Cada faixa etária dos cavalos apresenta características comportamentais próprias. Para melhor compreensão destas, divido os equinos em: potrilhos, potros, fêmeas adultas e machos adultos.

A primeira classe, os chamados potrilhos, compreende os animais recém-nascidos até os primeiros meses de vida. Esta é a fase onde ocorre cerca de 70% do aprendizado do equinos, e uma característica marcante desta etapa é a curiosidade.

Neste período, o tempo é investido no conhecimento do mundo ao redor. A curiosidade dos cavalos nessa idade é importante para que aprendam intrinsecamente sobre os perigos do mundo que os rodeia, sempre amparados pela segurança que a proximidade da mãe proporciona. 

Também se ocupam com brincadeiras entre indivíduos desta idade, que servem tanto para aprendizado como para posicionamento na hierarquia. As mamadas neste período são mais rápidas, porém ocorrem com maior frequência. Potrilhos já mordiscam o pasto, porém sem ingeri-lo. Acredito que o façam copiando o comportamento da mãe (é o aprendizado).

A seguinte fase, onde chamo de potros, se estende a partir dos primeiros meses de vida até os 2 ou 3 anos de idade, onde ocorre a maturidade sexual e anatômica dos equinos. Nesta etapa, se acentuam as disputas hierarquicas, ocorre o desmame e o início da alimentação herbívora. 

No final desta fase, os potros machos são expulsos da manada pelo garanhão e formam grupos de solteiros. São membros destes grupos que desafiam os garanhões de outras manadas. Este comportamento é essencial para evitar a consanguinidade na manada. 

As fêmeas adultas pertencem a uma manada convencional, onde existe uma égua alfa (que geralmente é a égua mais velha e mais experiente) e um garanhão (responsável pela reprodução). Essas éguas se relacionam por afinidade em pequenos grupos dentro da manada. 

A hierarquia é importante porque as éguas de posição mais baixa ajudam a cuidar dos potrilhos das éguas de melhor posição. Isso significa que quanto mais bem posicionada na hierarquia a égua estiver, melhor cuidado será seu potrilho, tendo assim, mais chances de sobrevivência. A égua alfa é responsável pelos rumos da manada, bem como em estabelecer a ordem. 

Os machos adultos geralmente estabelecem manadas de machos solteiros. São expulsos da manada das mães logo que completam a maturidade sexual. Essas manadas são responsáveis pela troca frequente dos garanhões das manadas de éguas. Um garanhão fica na manada em media o tempo necessário para que suas primeiras descendentes iniciem o ciclo reprodutivo. 

Mas como podemos utilizar essas características a nosso favor no manejo destes animais?

Podemos, por exemplo, usar da curiosidade dos potros e potrilhos para uma aproximação mais natural. Experimente sentar em meio aos potros e ficar parado. Em 5 minutos terás os animais ao teu redor. Então para que correr atrás e forçar tal aproximação?

Para éguas adultas, devemos apresentar o comportamento de égua alfa, tomando as rédeas da "manada"! Uma égua confiará e será leal a sua égua alfa, desta maneira teremos as fêmeas mais calmas e mais receptivas ao contato.

Com machos inteiros o contato deve ser sempre atento, pois é um comportamento natural destes animais o enfrentamento para dominância. O medo e a falta de confiança não são comportamentos dos líderes. Sendo assim, o segredo está em passar confiança, solicitar respeito e não demonstrar medo e insegurança!

Ao levarmos em conta essas características naturais do comportamento equino no manejo dos animais, conseguimos otimizar o tempo de manejo, com melhor qualidade da relação para homem e animal e, principalmente, com redução de riscos para ambos as partes.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

ASPECTOS RELEVANTES DO COMPORTAMENTO EQUINO: SEXO.

Em natureza, machos e fêmeas desempenham papéis distintos na espécie equina. Portanto, apresentam características físicas, fisiológicas, anatômicas, funcionais e comportamentais distintas. A compreensão destas particularidades contribui para o sucesso do manejo com estes animais, além de ser importante ferramenta na prevenção de acidentes de trabalho com estes animais. 

Para facilitar o entendimento, separo os animais, segundo o sexo, em três classes: Machos inteiros, machos castrados e fêmeas.

Machos inteiros tem como principais funções a reprodução e a proteção do seu harém. Esta classe de equinos apresenta grande necessidade de estabelecimento de hierarquia. Sempre que se permitir o contato entre garanhões, ocorrerá uma disputa para melhor posição hierárquica, pois é este o indivíduo que terá a prioridade de reprodução. 

Em natureza, os machos permanecem na manada até atingirem a maturidade sexual, quando são expulsos pelo macho dominante e formam grupos de machos solteiros. Os indivíduos destes grupos constantemente conflitam com garanhões de manada tentando tomar seu lugar. É este fator que permite a troca de genética do reprodutor da manada, de tempos em tempos, impossibilitando a consanguinidade.

É importante a atenção máxima no manejo destes animais inteiros, pois este comportamento é instintivo e independe do grau de docilidade e mansidão que apresentam. São por natureza mais agitados e mais nervosos (em geral) e este quadro se acentua na presença de fêmeas e demais machos inteiros. 

Machos castrados perdem esta atitude instintiva de dominância porque não apresentam testosterona circulante. A testosterona é o hormônio responsável, entre outras coisas, pelas características sexuais do macho. Ela é produzida pelos testículos. Portanto, a castração do macho cessa a produção do hormônio, impedindo tais comportamentos pelo indivíduo.

Sem este estímulo endócrino, o cavalo castrado (em geral) é dócil e tranquilo, e tem maior tendência a deposição de gordura no organismo. O manejo normalmente é mais fácil e normalmente não sofre interferência com a proximidade de outros indivíduos desta espécie.

Na natureza não é comum esta classe de animais, visto que a castração é resultado da domesticação e manejo dos animais pelo homem. Uma classe que se assemelha a esta, em vida livre, é a dos cavalos que perdem a capacidade reprodutiva por baixa concentração hormonal (testosterona), seja por disfunção endócrina, trauma ou idade.

As fêmeas tem como papeis principais a prenhez e a liderança da manada. É a fêmea alfa, normalmente a mais velha/experiente, quem dita os rumos da manada rumo ao pasto e água.

Existe uma hierarquia entre as fêmeas na manada, onde no topo está a fêmea alfa e na sequencia as éguas com instinto mais dominante e que melhor se relacionam com a égua alfa.

No manejo das éguas esta característica deve ser levada em conta. Animais muito dominantes ou muito submissos podem ter seu nível de estresse muito elevados em contato com animais incompatíveis, o que piora seu bem-estar e se reflete negativamente nos resultados obtidos com estes animais.

Uma única égua com excessiva dominância pode alterar o comportamento reprodutivo de um lote inteiro de éguas manejadas em confinamento.

As características comportamentais de cada classe sexual da espécie equina apresenta diferentes necessidades na hora do manejo. Somado a isso, cada animal apresenta uma variação individual de personalidade dentro de cada grupo desses. Infelizmente, não há uma receita pronta para a percepção desse contexto, isso será resultado da experiência no manejo dessa espécie.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço.