quarta-feira, 22 de agosto de 2012

VAMOS FAZER PIC-NIC?

Sabe-se, há muito, que o pensamento dos cavalos, assim como da maioria dos animais, é associativo. Essa informação, embora pareça simples, traz consigo uma série de consequências em nossas relações com esta espécie.

Ao manejarmos um cavalo, tudo se baseia em ação e reação. Todas as reações que o cavalo apresentar, sejam elas boas ou ruins, desejáveis ou indesejáveis, serão fruto da associação que o equino faz de uma ação nossa.

Sendo este um comportamento característico desta espécie, por que não utilizarmos a nosso favor? Ou ainda, por que não utilizarmos em favor de uma boa relação com os cavalos?

Em outras palavras, este modo de pensamento permite que possamos fazer um equino associar uma ação que desejamos que ele desempenhe a uma coisa boa.

Mas como fazer isso? A resposta é muito simples, embora empregá-la não seja assim tão fácil. 

Trata-se, apenas, de reforçar positivamente uma reação desejada e reforçar negativamente uma reação indesejada. Simples! E qual é o melhor reforço positivo? E o melhor reforço negativo?

Cavalos, em natureza, são caças. Sendo assim, dispendem muita energia para sair da pressão dos animais caçadores. Por isso, o melhor reforço positivo para um cavalo é aliviar completamente a pressão quando ele desempenhar a reação que queremos. Ele associará que sempre que desempenhar aquela reação, estará livre da pressão.

O inverso também é verdadeiro, o pior reforço negativo que podemos empregar a um cavalo é mantê-lo sobre a pressão! Isso será um grande incomodo para ele, e fará com que o equino mude a reação para tentar escapar da pressão.

Monty Roberts dá a isso o nome de PIC (positive immediate consequence) e NIC (negative immediate consequence). E aqui explico o motivo pelo qual afirmei que não é tão fácil empregar este conceito. Justamente porque, como o nome diz, precisa ocorrer IMEDIATAMENTE ao ato. Quase que simultaneamente, se possível!

A percepção sobre o melhor momento de colocarmos e retirarmos a pressão - bem como a intensidade da mesma - só se adquire com a experiência! Não há receita, infelizmente. Cada cavalo é um indivíduo único, que reage de maneira singular a determinada pressão. 

O que é comum entre eles é que todos, sem exceção, entendem esta linguagem. Isso é genético, resultado da seleção natural, está intrínseco em cada ser desta espécie. Cabe a nós, nos adaptarmos e adequarmos o método a cada cavalo, respeitando seu tempo e seu limite!

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!

terça-feira, 14 de agosto de 2012

PALESTRA - IV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária FURB (Blumenau)

Compartilho com todos o folder da IV Semana Acadêmica de Medicina Veterinária da FURB (Blumenau), na qual participarei como palestrante. 


Espero a todos, na quinta-feira, dia 30 de agosto, às 14:00 horas!

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

COMO TRATAR O COMPORTAMENTO ABERRANTE?

No post anterior, mostrei um vídeo que demonstra um surto de comportamento estereotipado, explicando como e porque ocorre. Mas uma vez que o cavalo apresenta este distúrbio, o que fazer? Há tratamento?

A maioria dos cavalos que iniciam com estas estereotipias não para de fazê-las, mesmo com a correção dos problemas que levaram ao aparecimento. Porém, é possível diminuir drasticamente a incidência dos surtos e atenuar seus efeitos colaterais.

O mais importante a se fazer é eliminar as causas que levaram ao surgimento do comportamento estereotipado. Para isso, duas coisas são fundamentais:

1. Aumentar a quantidade de tempo que o cavalo passa fora da baia. O cavalo precisa caminhar. Isso faz com que diminua o tédio, melhora a circulação sanguínea e estimula o peristaltismo.

2. Aumentar o número de refeições diárias, aumentando a oferta de verde e distribuindo a quantidade diária de concentrado em porções menores e mais frequentes. A espécie equina tem o trato gastrointestinal adaptado para passar 60% do tempo diário se alimentando. A alimentação com concentrado reduz este tempo a 10%. 

Estas ações aproximam o arraçoamento artificial à alimentação natural dos cavalos. Isso reduz o tempo ocioso dentro da baia também.

Existem ainda alguns produtos que podem ser usados como distração para os cavalos, no período em que necessariamente estarão dentro da cocheira. Normalmente são suplementos alimentares, com sabor palatável, que atraem a atenção dos cavalos durante o confinamento.

Estes produtos, sozinhos, não são suficientes para a solução das estereotipias. Porém, são ótimas alternativas que, agregadas às mudanças de manejo acima citadas, apresentam uma eficácia muito importante.

Segue abaixo o vídeo de um exemplo destes produtos e de como poder ser utilizados.


Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!

quinta-feira, 2 de agosto de 2012

EXEMPLO DE ESTEREOTIPIA!


Vejam este vídeo: 

Este é um comportamento estereotipado clássico! Nota-se claramente o momento do surto, onde o nível de estresse chega ao máximo e a reação é o movimento repetitivo, aberrante e sem função aparente. 


Tal movimento provoca, no cavalo que apresenta o comportamento estereotipado, uma liberação muito grande de endorfinas, que atuam diminuindo o nível de estresse e, de certa forma, provocando um bem-estar momentâneo no animal.

Passado o surto e, consequentemente, a liberação de endorfinas, o cavalo cessa com os movimentos estereotipados até que o nível de estresse, causado pelo tédio principalmente, atinja os níveis máximos outra vez.

Ocorre que este fenômeno é crônico e progressivo! Quanto maior a frequência de surtos, mais endorfinas são necessárias para compensá-los e, por consequência, maior o tempo do surto.

Neste post mais antigo, esclareço sobre os fatores predisponentes do Comportamento Estereotipado.

A questão é que, embora o mecanismo compense de certa forma o estresse, ele esgota fisicamente o cavalo. Além disso, patologias e lesões secundárias por conta das batidas e da dor que elas provocam também são comuns.

Imagine agora um cavalo de esporte que compete em alto nível, seja qual for a prova e independente da raça. Existe alguma possibilidade de um animal assim conseguir desempenhar seu potencial máximo? NÃO!

Mas o que podemos fazer para amenizar esse desgaste, evitar lesões e tratar este tipo de comportamento patológico? Este é o assunto do próximo post!!!

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!