quinta-feira, 24 de maio de 2012

...UM CAVALO QUE É DOMADO NA DOMA RACIONAL, CONFIA NA PESSOA QUE O DOMOU OU NOS HUMANOS?

Ontem a Michelly Santos, de Farroupilha, me fez um questionamento interessante, que me levou a pensar um tanto antes de dormir, e que gostaria de compartilhar aqui. Me perguntou ela: "...Um cavalo que é domado na doma racional, confia na pessoa que o domou ou nos humanos?"

Essa pergunta vem de um mito que ainda existe sobre a doma racional - de que o cavalo vai confiar e obedecer apenas à pessoa que o domou, e não vai ter a mesma mansidão com outras pessoas e outros ginetes - e, por isso, é preciso muita responsabilidade para tal resposta.

Bom, para iniciarmos a falar sobre métodos de doma, precisamos primeiramente definir o que é DOMA! Na minha concepção, domar cavalos é desenvolver uma relação entre homem e cavalo, onde a liderança seja exercida pelo HOMEM. A doma não amansa um cavalo, justamente porque o cavalo não é um animal feroz, bravo nem agressivo (salvo por defesa em situações de muito risco).

Partindo deste princípio, a doma deve buscar a confiança e cooperação mútuas, para o desenvolvimento conjunto das mais diversas atividades (trabalho, esporte, lazer). O que muda nas diferentes técnicas de doma são os recursos dos quais se utiliza para chegar se chegar ao resultado final: um animal domado.

Existem, basicamente, dois métodos para se obter a liderança: O MEDO e A CONFIANÇA. Deles, deviram-se todas as técnicas de doma, tanto as ditas tradicionais quanto às racionais. Nas tradicionais, o animal se sujeita por medo da reação do líder. Já nas racionais, o animal se sujeita porque te enxerga como líder e confia que não há necessidade de ter medo do líder.

O cavalo tem a necessidade de confiar nos seres (de todas as espécies) que os rodeiam. É da natureza dele essa característica. O que vai interferir na confiança dele é o risco que ele sente frente à uma situação, que será avaliado por ele com base nas experiências similares já vividas.

Na minha visão, é mais inteligente utilizar um fator genético a nosso favor do que jogar contra ele. E por este motivo que eu vejo a doma racional como mais segura e mais efetiva. Ou seja, estas técnicas reduzem o risco de acidentes para o cavalo e domador, são mais rápidas e geram menos traumas futuros. Porém, necessitam uma mão-de-obra especializada!

Existem bons e ótimos domadores em qualquer técnica de doma. Porém, o inverso é verdadeiro também: existem muitos maus domadores em todos os tipos de doma existentes. O mesmo ocorre com ginetes, ferradores, veterinários e tratadores.

Finalmente, com base nestes aspectos todos é que responderei a tua pergunta: Um cavalo que é domado na doma racional vai confiar nos humanos que tenham os recursos necessários para o manejo e que não usem do MEDO para exercer a liderança. E seguindo o raciocínio, este mesmo animal pode (e vai) reagir negativamente com indivíduos que demonstrem não ser confiáveis.

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!

segunda-feira, 7 de maio de 2012

PERSPECTIVAS COM RELAÇÃO AO COMPORTAMENTO DE ANIMAIS DE ALTA PERFORMANCE...

A qualidade genética dos animais que vem disputando competições como o freio de ouro e rédeas é responsável pela alta competitividade destas provas. As médias das notas se elevam a cada ano e cada vez mais os cavalos se aproximam tecnicamente dos movimentos desejados em tais provas.

Neste contexto, a PENALIZAÇÃO PELOS ERROS tem maior relevância em relação a valorização dos acertos na avaliação do desempenho dos cavalos de alto nível hoje em dia. Quando falo em ERROS, me refiro a tudo que é INDESEJADO no desempenho do cavalo.

Sendo assim, torna-se evidente a necessidade de se considerar o COMPORTAMENTO EQUINO na seleção dos animais, uma vez que cada vez mais as penalizações por indocilidade e reações farão a diferença nas notas destes cavalos!

Como já expliquei neste post antigo, o Comportamento Equino é baseado em 3 fatores: Genético, Aprendizado e Personalidade. Destes, podemos ter influência direta em 2: A Genética e o Aprendizado. 

Geneticamente, podemos selecionar linhagens com maior docilidade e habilidade de aprendizado. Estas características são - e serão cada vez mais - importantes para a obtenção de produtos de ponta.

O estudo do comportamento da espécie equina e o conhecimento dos aspectos comportamentais característicos da raça despontam como importante ferramenta a ser utilizada tanto no planejamento de cruzamentos quanto no acompanhamento do desempenho do produto nas diversas competições onde será provado.

O manejo técnico desses cavalos, incluindo aspectos sanitários e de doma e treinamento, tem um papel fundamental no desempenho final do produto, uma vez que afeta diariamente o fator aprendizado dos equinos.

Como se observa, a utilização do conhecimento a respeito do  comportamento equino transcende o âmbito do produto como indivíduo e ganha força e relevância num cenário bem maior: Na seleção e melhoramento genético dos plantéis equinos!

Dúvidas? Dicas? Sugestões? Um abraço!